sábado, 24 de setembro de 2016

Kid Abelha (e Os Abóboras Selvagens)

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O Kid Abelha nasceu no final de 1981, quando Paula Toller conheceu Leoni na faculdade, ambos estudavam na PUC-Rio e começaram a namorar. Com isso, Paula passou a visitar os ensaios da banda "Chrisma", formada por Leoni (voz e baixo elétrico), Carlos Beni (bateria) e Pedro Farah (guitarra). Os garotos sempre convidavam Paula a ingressar na banda, porém, ela sempre recusava, alegando ser tímida. George Israel, por sua vez, foi visto tocando saxofone em Búzios, Rio de Janeiro, e convidado por um amigo de Leoni a conhecer a tal banda que este liderava, George aceitou o convite e se uniu à banda. Com uma vocalista tímida, que cantava de costas para o público, um saxofonista que faltava a shows e sem um nome definidos, a banda tinha tudo para não dar certo, mas apostou e se deu bem ao enviar uma fita demo das canções “Distração” e “Vida de cão é chato pra cachorro” para a rádio Fluminense FM, famosa na época por abrir as portas para novas bandas, e para o Circo Voador, espaço para shows que foi essencial no lançamento dos grupos da geração 80 do pop-rock no Rio de Janeiro. Pouco tempo depois surgia o Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, nome escolhido durante uma transmissão ao vivo na Rádio Fluminense FM.
A primeira demo executada pela extinta rádio foi Distração. O sucesso foi imediato, a banda passou a fazer shows no Circo Voador e, com isso, participam do LP Rock Voador, com duas faixas: Distração e Vida de Cão é Chato pra Cachorro.

Pedro Farah foi o primeiro integrante a abandonar a banda, logo no início do sucesso, para morar nos Estados Unidos. Com isso, Bruno Fortunato assume a guitarra do Kid em definitivo. 

No mesmo ano da gravação no Rock Voador, a banda lança o primeiro compacto, Pintura íntima, que teve no lado B a canção Homem Com Uma Missão. "Fazer amor de madrugada" foi o primeiro refrão do Kid Abelha a ficar na cabeça dos brasileiros, primeira música da banda a entrar em uma novela e primeiro disco de ouro. Produzido por Lulu Santos foi importante para o sucesso do Kid Abelha, com a vendagem de 100 mil unidades. Mas, mais do que isso, ele foi essencial para definir o tipo de canção que o grupo faria. Segundo Leoni, a banda tinha a pretensão de ser um cruzamento de Roxy Music com Peter Gabriel. Mas não tinham competência nem um, nem para outro. O papel de Lulu Santos, que era uma referência para os novos grupos do pop-rock carioca oitentista, foi o de reduzir a pretensão artística do grupo e dar às suas canções um formato, que o grupo parece ter adotado como fórmula para o sucesso dali em diante.

O primeiro álbum do grupo foi lançado em 1984. “Seu Espião” trouxe sucessos como “Pintura Íntima”, “Fixação”, “Alice (Não escreva aquela carta de amor)” e “Como eu quero”. O CD deixou claro o estilo descompromissado do pop do Kid Abelha, que o aproximava do estilo do iê-iê-iê da Jovem Guarda, mas com uma visão um pouco menos ingênua do que o da turma de Roberto Carlos. A presença do saxofone na sonoridade das canções era também um diferencial da banda em relação às demais daquela geração.

1984 - Seu Espião
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01 Seu Espião (Leoni, Paula Toller, Herbert Vianna)
02 Nada Tanto Assim (Leoni, Bruno Fortunato)
03 Alice (Não Me Escreva Aquela Carta De Amor) (Leoni, Paula Toller, Bruno Fortunato)
04 Hoje Eu Não Vou (Leoni, Beni Borja, Paula Toller)
05 Fixação (Leoni, Beni Borja, Paula Toller)
06 Como Eu Quero (Leoni, Paula Toller)
07 Ele Quer Me Conquistar (Leoni)
08 Porque Não Eu? (Leoni, Paula Toller, Herbert Vianna)
09 Homem Com Uma Missão (Leoni, Beni Borja)
10 Pintura Íntima (Leoni, Paula Toller)
11 Distração (Leoni, Beni Borja)
12 Vida de Cão É Chata prá Cachorro (Leoni, Beni Borja)

Em janeiro de 1985, a banda toca no maior evento de rock do mundo no momento, o Rock in Rio. Na terça-feira, dia 15, tocaram para 50 mil pessoas e na sexta-feira, dia 18, para 250 mil pessoas. Os 7 maiores sucessos do disco Seu Espião foram tocadas ao vivo.
Beni, que mais tarde seria produtor da banda carioca Biquini Cavadão, foi o segundo integrante a sair do Kid, sendo substituído por bateristas contratados.


Educação Sentimental, segundo LP da banda, é lançado ainda em 1985, trazendo Lágrimas e Chuva, Educação Sentimental I e II e Garotos. A Fórmula do Amor, parceria da banda com o cantor Léo Jaime, foi regravada em versão lenta. O sucesso somou mais um disco de ouro. Para este trabalho é contratado o novo baterista da banda, Claudinho Infante.

1985 - Educação Sentimental
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01 Lágrimas e Chuva (Leoni, Bruno Fortunato, George Israel)
02 Educação Sentimental II (Leoni, Paula Toller, Herbert Vianna)
03 Conspiração Internacional (Leoni, Paula Toller)
04 Os Outros (Leoni)
05 Amor por Retribuição (Leoni, George Israel)
06 Educação Sentimental (Leoni)
07 Garotos (Leoni, Paula Toller)
08 Um Dia em Cem (Leoni, Paula Toller)
09 Uniformes (Leoni, Leo Jaime)
10 A Fórmula do Amor (Leoni, Leo Jaime)

Em um show de Léo Jaime no Rio de Janeiro, o cantor chamou a banda para cantar o sucesso A Fórmula do Amor. Entretanto, esqueceu de chamar Leoni. Devido a isso, houve desentendimentos entre Leoni e Paula Toller e seus respectivos namorados, Fabiana Kherlakian (herdeira da grife Zoomp) e Herbert Vianna (líder da banda Os Paralamas do Sucesso). Os desentendimentos culminaram com a saída de Leoni, que, além de baixista, era o principal compositor.
Parecia ser o fim dos Abóboras, porém, a banda promoveu o projeto de um LP duplo e VHS ao vivo, intitulado "Kid Abelha Ao Vivo" e gravado no Parque Anhembi para um público de 20 mil pessoas, contendo os maiores sucessos até então e também a inédita Nada Por Mim, parceria de Paula Toller e Herbert Vianna anteriormente gravada pela cantora Marina Lima. Por problemas técnicos com as imagens, o projeto foi reduzido a um LP único, com nove músicas. Ao Vivo foi mais um disco de ouro.

1986 - Ao Vivo
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01 Fixação / Lágrimas e Chuva (Beni Borja, Leoni, Paula Toller / Bruno Fortunato, George Israel, Leoni)
02 Nada por Mim (Herbert Vianna, Paula Toller)
03 Educação Sentimental II (Leoni, Herbert Vianna, Paula Toller)
04 Pintura Íntima / Nada Tanto Assim (Leoni, Paula Toller / Bruno Fortunato, Leoni)
05 Como Eu Quero / Os Outros (Leoni, Paula Toller / Leoni)
06 Porque Não Eu? (Herbert Vianna, Leoni, Paula Toller)


Em 1987, Paula é nomeada a mais nova sex symbol do Brasil e o grupo promove sua maior ousadia, com o disco Tomate. O clipe da canção-título (inspirada no poema de Murilo Mendes, O Tomate (da Crítica de Arte)) foi muito premiado, além de estourarem No Meio da Rua, Me Deixa Falar e Amanhã é 23 (incluída na trilha sonora da novela O Outro, da Rede Globo). O disco foi mixado em Londres e dedicado a todas as pessoas que trabalham à noite.


1987 - Tomate
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01 Me Deixa Falar (Paula Toller, George Israel)
02 Eu Preciso (Paula Toller, George Israel)
03 No Meio da Rua (Paula Toller, George Israel)
04 Dança (Paula Toller, George Israel)
05 Tomate (Paula Toller, George Israel)
06 Leão (Bruno Fortunato, Paula Toller)
07 Mais Louco (Paula Toller, George Israel, Nilo Romero)
08 Amanhã É 23 (Paula Toller, George Israel)


Em 1988, Claudinho saiu da banda, reduzida-a à atual formação de Paula, George e Bruno. Mesmo assim, ainda participa do disco Kid, um ano depois. Agora Sei, Todo o Meu Ouro, Dizer Não é Dizer Sim e De Quem é o Poder foram as mais conhecidas. Além do tema de novela Dizer Não é Dizer Sim, a canção Sexo e Dólares foi tema do filme nacional que contava a história de Lili Carabina, Lili, a Estrela do Crime. Nos agradecimentos, nomes bastante conhecidos, como Cazuza (que escreveu o press release do disco), Frejat e Herbert Vianna. Devido à gravidez de Paula Toller, os shows foram reduzidos e a banda foi obrigada a parar por alguns meses.

1989 - Kid
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01 De Quem é o Poder (Nilo Romero, Caziza, George Israel)
02 A História Única de Too Amor (Paula Toller, George Israel)
03 Dizer Não é Dizer Sim (Paula Toller, George Israel)
04 Sexo e Dólares (Paula Toller, George Israel)
05 Paris, Paris (Paula Toller, George Israel)
06 Agora Sei (Paula Toller, George Israel)
07 Todo Meu Ouro (Paula Toller, George Israel)
08 Promessas de Ganhar (Paula Toller, George Israel)
09 Cantar em Inglês  (Paula Toller, George Israel)


Tudo É Permitido trouxe, em 1991, um forte erotismo em letras como "Gosto de Ser Cruel", "Lolita" e "Eletricidade" (estréia de George Israel nos vocais). Trouxe também o sucesso "Grand'Hotel", as regravações de "Fúga nº II", d'Os Mutantes; e de "Não Vou Ficar", canção de Tim Maia que fez sucesso com Roberto Carlos. "A Indecência", por sua vez, vem inspirada no poema de D.H. Lawrence, "A Indecência Pode Ser Saudável". "No Seu Lugar" também é incluída no disco, que marca a estréia de Kadu Menezes na bateria. O disco também marcou a redução do nome da banda, que perdeu os "Abóboras Selvagens", passando a se chamar "Kid Abelha".

1991 - Tudo é Permitido
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01 A Palavra Forte (Paula Toller, George Israel)
02 Lolita (Paula Toller, George Israel, Bruno Fortunato)
03 A Indecência (Paula Toller, George Israel)
04 Não Vou Ficar (Tim Maia)
05 Eletricidade (Nilo Romero, Cazuza, George Israel)
06 Grand Hotel (Paula Toller, George Israel, Lui Farias)
07 Fantasias (Paula Toller, George Israel)
08 Gosto de Ser Cruel (Paula Toller, George Israel)
09 No Seu Lugar (Paula Toller, George Israel, Lui Farias)
10 Fuga n2 (Rita Lee, Sérgio Dias, Arnaldo Baptista)


"O Sexo que Fazemos" foi o tema principal do disco "Iê Iê Iê", de 93, pelo fato de este verso iniciar três letras do disco, "Por Uma Noite Inteira", "Mil e Uma Noites" e "Um Segundo a Mais". "Eu Tive um Sonho" (tema da minissérie Sex Appeal, "Deus (Apareça na Televisão)", "Em 92" e "O Beijo" se destacaram. Presente no trabalho também a primeira gravação da banda em inglês, a regravação de "Smoke On The Water", do Deep Purple.

1993 - Iê Iê Iê
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01 Eu Tive um Sonho (Paula Toller, George Israel)
02 O Beijo (Paula Toller, George Israel)
03 Mil e Uma Noites (Paula Toller, George Israel)
04 Por Um Dia (Bruno Fortunato, Paula Toller, George Israel)
05 Em Noventa e Dois (Paula Toller, George Israel)
06 Deus (Apareça Na Televisão) (Paula Toller, George Israel, Sérgio Dias)
07 Um Segundo a Mais (Paula Toller, George Israel)
08 Smoke On The Water (Ritchie Blackmore, Jon Lord, Ian Gillan, Ian Paice, Roger Glover)
09 Por Uma Noite Inteira (Paula Toller, George Israel)


Entre março e julho de 94 foi gravado por George Israel e Kadu Menezes nos shows realizados em BH, Curitiba, Crisciuma, Concórdia, Venâncio Aires e Sta. Bárbara o disco "Meio Desligado", que além de grandes sucessos acústicos, traz as regravações Cristina (Tim Maia) e Canário do Reino. A música de trabalho foi "Solidão Que Nada", parceria entre George Israel, Nilo Romero e Cazuza. Após 18 shows no Jazzmania, que foi inclusive especial de TV, a turnê percorre todo o Brasil.

1994 - Meio Desligado
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01 Deus (Apareça na Televisão) (Paula Toller, George Israel, Sérgio Dias)* Participação Sérgio Dias
02 Alice (Não me Escreva Aquela Carta de Amor (Leoni, Paula Toller, Bruno Fortunato)
03 Gosto de Ser Cruel (Paula Toller, George Israel)
04 Como Eu Quero (Paula Toller, Leoni) *Participação Ritchie
05 Por que Não Eu? (Leoni, Paula Toller, Herbert Vianna)
06 Seu Espião (Leoni, Paula Toller, Herbert Vianna)
07 Eu Tive um Sonho (Paula Toller, George Israel)
08 O Beijo (Paula Toller, George Israel)
09 Cristina (Tim Maia, Carlos Imperial)
10 No Meio da Rua (Paula Toller, George Israel)
11 Nada por Mim (Paula Toller, Herbert Vianna)
12 Introdução Grand Hotel
13 Grand Hotal (Paula Toller, George Israel, Lui Farias)
14 Solidão que Nada (Cazuza, Nilo Romero, George Israel)
15 Canário do reino (Zapatta, Carvalho)* Participação Lulu Santos


Em 1996 a música de Hyldon "Na Rua, na Chuva, na Fazenda" lançou o disco "Meu Mundo Gira em Torno de Você". No clipe "Te Amo pra Sempre", top na MTV, Paula aparece vestindo um simplório biquíni de bolinhas, é o disco de estúdio mais vendido da banda, tendo 3 diferentes versões, inclusive uma de platina, com CD duplo.

1996 - Meu Mundo Gira em Torno de Você
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01 Como É Que Eu Vou Embora (George Israel e Cris Braun)
02 Te Amo Pra Sempre (George Israel e Paula Toller)
03 Meu Mundo Gira em Torno de Você (George Israel, Paula Toller e Jorge Mautner)
04 Combinação (George Israel, Lui Farias e Paula Toller)
05 Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê) (Hyldon)
06 Apenas Timidez (George Israel e Paula Toller)
07 La Nouveauté (George Israel, Lui Farias e Paula Toller)
08 Quero Me Deitar (George Israel e Paula Toller)
09 Baixa Pressão (George Israel e Paula Toller)
10 Vou Mergulhar (George Israel e Paula Toller)
11 A Moto (Paula Toller e Herbert Vianna)
12 O Animal (George Israel e Paula Toller)



No ano seguinte, 1997, a banda alçou vôos ainda maiores, levando o seu trabalho para o exterior, no CD Kid Abelha, divulgado nos EUA, Espanha e países latino americanos. A banda quase teve o nome reduzido para "Kid", devido à difícil pronúncia do nome "Abelha" em espanhol.

1997 - Em Espanhol
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01 ¿Por Qué Me Quedo Tan Sola? (Como é que eu vou embora) (George Israel, Cris Braun)
02 Te Amo Por Siempre (Te amo pra sempre) (Paula Toller, George Israel)
03 Yo Tuve un Sueño (Eu tive um sonho) (Paula Toller, George Israel)
04 Nada Por Mi (Nada por mim) (Paula Toller, Herbert Vianna)
05 En Tu Lugar (No seu lugar) (Paula Toller, George Israel, Lui Farias)
06 Como Yo Quiero (Como eu quero) (Leoni, Paula Toller)
07 Gran Hotel (Grand' Hotel) (Paula Toller, George Israel, Lui Farias)
08 El Beso (O beijo)  (Paula Toller, George Israel)
09 En Medio de la Calle (No meio da rua) (Paula Toller, George Israel)
10 En el 96 (Em 92) (Paula Toller, George Israel)
11 Dios (Aparece en el Televisor) (Deus (Apareça na televisão)) (Paula Toller, George Israel, Sérgio Dias)
12 Todo Mi Oro (Todo meu ouro) (Paula Toller, George Israel)
13 París París (Paris Paris) (Paula Toller, George Israel)
14 ¿Por Qué Me Quedo Tan Sola? (remix)
15 Te Amo Por Siempre (remix)



Devido ao sucesso da banda nas baladas e boates, no mesmo ano, chega às lojas brasileiras "Remix", com sucessos remixados por conceituados DJs. Duplo de platina, com 500 mil cópias vendidas em dois meses.

1997 - Remix
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01 Fixação (Beni Borja, Paula Toller, Leoni)
02 Pintura Íntima (Leoni, Paula Toller)
03 Eu Tive um Sonho (Paula Toller, George Israel)
04 Como É Que Eu Vou Embora (George Israel, Cris Braun)
05 Como Eu Quero (Leoni, Paula Toller)
06 Eu Sou Terrível (Roberto Carlos, Erasmo Carlos)
07 Amanhã É 23 (Paula Toller, George Israel)
08 Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Hyldon)
09 Te Amo Prá Sempre (Paula Toller, George Israel)
10 O Beijo (Paula Toller, George Israel)
11 Todo Meu Ouro (Paula Toller, George Israel, Bruno Fortunato, Lui Farias)
12 No Seu Lugar (Paula Toller, George Israel, Lui Farias)
13 Garotos (Leoni, Paula Toller)
14 Deus (Apareça na Televisão) (Paula Toller, George Israel, Sérgio Dias)
15 Fixação (versão Extended) / Lágrimas e Chuva (remix 2001)


Nesse mesmo ano de 1997, Paula Toller lança seu primeiro CD solo. Ela não faz turnê, pois o Kid preparava um novo álbum, porém fez a divulgação em programas de TV.

1997 - Paula Toller
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01 Derretendo Satélites (Paula Toller, Herbert Vianna)
02 Fly Me to the Moon (Bart Howard)
03 Eu Só Quero Um Xodó (Dominguinhos / Anastácia)
04 Oito Anos (Paula Toller, Dunga)
05 Alguém Me Avisou (Dona Ivone Lara)
06 1800 Colinas (Gracia do Salgueiro)
07 E o Mundo Não Se Acabou (Assis Valente)
08 Onde Está a Honestidade (Noel Rosa)
09 Patience (Izzy Stradlin)
10 Cantar (Godofredo Guedes)



"Autolove", nome que o trio define como "o amor que se locomove sozinho, cujo combustível somos nós" vem em 1998, com mais um disco de ouro. Considerado um dos melhores e mais maduros discos da banda, emplaca "Eu Só Penso em Você", "Maio...", "Minas - São Paulo", "Tanta Gente" e a homenagem a Renato Russo em "Três Taças". Ainda há a canção "Ouvir Estrelas", adaptada do poema homônimo de Olavo Bilac.

1998 - Autolove
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01 Tanta Gente (Paula Toller, George Israel)
02 Eu Só Penso em Você (Paula Toller, George Israel)
03 Maio (Paula Toller, George Israel)
04 Depois das Seis (Paula Toller, George Israel)
05 Ouvir Estrelas (Paula Toller, George Israel)
06 Minas - São Paulo (Paula Toller, George Israel)
07 3 Taças (Paula Toller, George Israel)
08 Mãos Estranhas (Paula Toller, George Israel, Cris Braun)
09 Someday (Paula Toller, George Israel)
10 Tambaú (Paula Toller, George Israel)

Em 2000, a banda fez uma coleção de regravações onde, além dessas, vem o novo hit "Deve Ser Amor". Foi incluída a canção "Eu Sei Voar", que foi gravada para o disco anterior, Autolove, e "Um Momento Só", gravada para Iê Iê Iê (1993). Pode ser considerado um álbum de variedades musicais.

2000 - Coleção
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01 Pare o Casamento (Arthur Resnick, Kenny Young, vrs: Luiz Keller)
02 Deve Ser Amor (Paula Toller, George Israel, Cris Braun)
03 Eu Sei Voar (George Israel, Bruno Fortunato, Paula Toller)
04 O Telefone Tocou Novamente (Jorge Ben)
05 Pingos de Amor (Paulo Diniz, Odibar)
06 Teletema (Antônio Adolfo, Tiberio Gaspar)
07 Mamãe Natureza (Rita Lee)
08 Quem Tem Medo de Brincar de Amor (Arnaldo Baptista, Rita Lee)
09 Esotérico (Gilberto Gil)
10 As Curvas da Estrada de Santos (Roberto Carlos, Erasmo Carlos)
11 Mas, Que Nada (Jorge Ben)
12 Um Momento Só (Paula Toller, George Israel)
13 Pare o Casamento" (versão longa)



Mais uma vez o Kid Abelha participa do evento Rock in Rio. A terceira edição aconteceu em janeiro de 2001, onde a apresentação da banda aconteceu no dia 20, mesma data de Engenheiros do Hawaii, Elba Ramalho, Zé Ramalho e atrações internacionais. Tocaram sucessos como "Fixação", "Pintura Íntima", "Lágrimas e Chuva", "Alice", "No Meio da Rua", "Amanhã É 23", "Pare o Casamento", "Te Amo Pra Sempre", "Como É Que Eu Vou Embora", "Eu Tive Um Sonho", "Desculpe o Auê", de Rita Lee, e outras.

O disco de 2001, Surf, faz em várias músicas homenagens ao Rio de Janeiro, basta ouvir as faixas Ressaca 99 e Gávea Posto 6, onde lugares e a vida no Rio são citados. Também podemos notar esta homenagem pelas fotos utilizadas no encarte, na capa e contra capa, sempre focando o surfe e o mar. A solidão, o sonho, a música e as tristezas humanas são citadas nas letras, como em Solidão Bom Dia! e Pelas Ruas da Cidade (A Vida Continua).

2001 - Surf
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01 Eu Contra a Noite (Paula Toller, George Israel)
02 3 Garotas na Calçada 
(Paula Toller, George Israel, Roberto Frejat)
03 O Rei do Salão 
(Paula Toller, George Israel)
04 Ressaca 99 
(Paula Toller, George Israel)
05 Gávea Posto 6 
(Paula Toller, George Israel)
06 10 Minutos 
(Paula Toller, George Israel)
07 Eu Não Esqueço Nada 
(Paula Toller, George Israel)
08 Da Lama à Pista 
(Paula Toller, George Israel)
09 Solidão Bom Dia! 
(Paula Toller, George Israel, Cris Braun)
10 Pelas Ruas da Cidade (A Vida Continua) 
(Paula Toller, George Israel)
11 Quando Eu Te Amo 
(Paula Toller, George Israel)


Os 20 anos do Kid foram comemorados em grande estilo em 2002: a banda foi convidada para participar do projeto Acústico MTV. Compõem o disco 20 anos de sucesso em versão acústica.
O álbum recebeu vários prêmios de grande importância no cenário nacional e foi indicado ao Gramy Latino, em 2003; seus singles permaneceram por tempo prolongado no "Top 10" e suas vendagens ultrapassaram a marca de 1.250.000 cópias vendidas. Só no ano de 2006, quase quatro anos após o lançamento, o CD teve vendagem de 250 mil cópias, sendo o nono disco mais vendido no Brasil. No ano seguinte o disco ficou em sétimo. A turnê, que durou três anos, permitiu shows por todo Brasil e em algumas cidades dos EUA. O DVD, primeiro trabalho áudio-visual da banda, teve como premiação o DVD de diamante + platina, marca rara em trabalhos em vídeo.


2002 - Acústico MTV
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01 Nada Sei (Paula Toller, George Israel)
02 Eu Contra a Noite (Paula Toller, George Israel)
03 No Seu Lugar (Paula Toller, George Israel, Lui Farias)
04 Quero Te Encontrar (Buchecha)
05 Lágrimas e Chuva (Leoni, Bruno Fortunato, Geroge Israel)
06 Maio (Paula Toller, George Israel)
07 Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Hyldon)
08 Eu Só Penso em Você (Paula Toller, George Israel)
09 Grand' Hotel (Paula Toller, George Israel, Lui Farias)
10 Gilmarley Song (Paula Toller, George Israel)
11 Brasil (George Israel, Cazuza, Nilo Romero)
12 Os Outros (Leoni)
13 Amanhã é 23 (Paula Toller, George Israel)
14 Como Eu Quero (Leoni, Paula Toller)
15 Mudança de Comportamento (Edgard Scandurra)
16 Eu Tive um Sonho (Paula Toller, George Israel)
17 Meu Vício Agora (Paula Toller, George Israel)
18 Fixação (Beni Borja, Leoni, Paula Toller)
19 Te Amo Para Sempre / Hidden-track: Tudo de Nós  (Paula Toller, George Israel)

No final da turnê do acústico, George Israel lança seu primeiro disco solo, intitulado "4 Letras".

2004 - 4 Letras
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01 Tentação (George Israel, Alvin L)
02 Por Trás Desses Olhos Verdes (George Israel)
03 Quatro Letras (George Israel, Cazuza)
04 Abra o Molho (George Israel)
05 Se Eu Não Vejo a Lua (George Israel, Maria Leda Chini)
06 Nós (George Israel, Arnaldo Antunes)
07 Girassóis Azuis II (George Israel, Dulce Quental, Idemar Marinho)
08 Carcaça da Chevroleta (Siri)
09 Não Reclamo (George Israel, Cazuza)
10 Hoje (George Israel, Cazuza)
11 2100 (George Israel)
12 Cura na Ferida (George Israel, Bahie Israel)
13 Você me Olha (George Israel, Mauro Santa Cecília, Rodrigo Santos)

Pega Vida é o décimo sétimo álbum da banda. Lançado no final de abril de 2005, traz letras sensuais e eróticas, como Poligamia e Eutransoelatransa; letras meio românticas com um estilo inconfundível em Pega Vida, Por Que Eu Não Desisto de Você?, Peito Aberto, Fala Meu Nome e também Eu Tou Tentando, uma letra analítica.

2005 - Pega Vida
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01 Eu Tou Tentando (George Israel, Paula Toller)
02 Poligamia
 (George Israel, Paula Toller)
03 Pega Vida
 (George Israel, Paula Toller)
04 Por que Eu Não Desisto de Você
 (George Israel, Paula Toller)
05 Será que Eu Pus um Grilo na Sua Cabeça? (Guilherme Lamounier, Tibério Gaspar)
06 Peito Aberto
 (George Israel, Paula Toller)
07 Fala Meu Nome
 (George Israel, Paula Toller)
08 Mãe Natureza (Querência)
 (George Israel, Paula Toller)
09 Duas Casas
 (George Israel, Paula Toller)
10 Eutransoelatransa
 (George Israel, Paula Toller)
11 Strip-tease
 (George Israel, Paula Toller)
12 Órion
 (George Israel, Paula Toller)

Em 2006, George Israel ao lado de Guto Goffi, Rodrigo Santos (Barão Vermelho) e Nani lançam o primeiro álbum da banda Os Britos.

2006 - Os Britos
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01 I Feel Fine (John Lennon, Paul McCartney)
02 Nowhere Man (John Lennon, Paul McCartney)
03 Slow Down L. Williams)
04 Anytime At Time (John Lennon, Paul McCartney)
05 Something (George Harrison)
06 Two Of Us (John Lennon, Paul McCartney)
07 I Need You (George Harrison)
08 Drive My Car (John Lennon, Paul McCartney)
09 While My Guitar Gently Weeps (George Harrison)
10 Rain (John Lennon, Paul McCartney)
11 Ticket to Ride (John Lennon, Paul McCartney)
12 20 Flight Rock (Eddie Cochran, Ned Fairchild)
13 Amor de Bicho (George Israel, Guto Goffi, Rodrigo Santos, Nani Dias)
14 Dia Comum (George Israel, Guto Goffi, Rodrigo Santos, Nani Dias)

No ano de 2007 a banda anuncia a sua separação momentânea, para que cada um dos membros possa trabalhar em seus projetos paralelos.
Tanto Paula, quanto George lançaram seus segundos discos.

2007 - SóNós
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Resultado de imagem para paula toller - sonos

01 ? (O Q é Q Eu Sou) (Erasmo Carlos)
02 All Over (Donavon Frankenreiter, Paul Ralphes, Caio Fonseca, Paula Toller)
03 À Noite Sonhei Contigo (Kevin Johansen / Versão: Paula Toller)
04 Pane de Maravilha / Cidade Maravilhosa 
(Dado Villa-Lobos, Paula Toller, Fausto Fawcet) / (André Filho)
05 If You Won't (Jesse Harris)
06 Meu Amor Se Mudou pra Lua (Nenung)
07 Tudo Se Perdeu (Rufus Wainwright / Versão: Paula Toller)
08 Long Way from Home (Harris)
09 Barcelona 16 (Paula Toller, Ralphes, Fonseca)
10 Eu Quero Ir Pra Rua (Coringa, Paula Toller)
11 Um Primeiro Beijo (Paula Toller, Ralphes, Fonseca)
12 Você me Ganhou de Presente (Ralphes, Coringa, Paula Toller)
13 Rústica (Dado Villa-Lobos, Paula Toller)
14 Glass (I'm So Brazilian) (Johansen)


2007 - Distorções do Meu Jardim
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01 A Note Perfeita (George Israel, Leoni)
02 Alguém Como Você George Israel, Alvin L)
03 Trailer (George Israel)
04 Como Você Já É (George Israel, Suely Mesquita)
05 Muda (George Israel)
06 As Rosas Não Falam (Cartola)
07 Mina (George Israel, Nilo Romero, Cazuza)
08 Chão de Jardim (George Israel, Marcelo Camelo)
09 Eu Posso Falar Mais Alto (George Israel, Alvin L)
10 Curados ao Sol de Copacabana (George Israel)
11 O Céu que Nos Protege (George Israel, Guto Goffi, Dadi)
12 No Amor que Vem (George Israel< Hélio Rocha)

Paula Toller decide registrar a turnê que estava fazendo e lançar seu primeiro álbum solo ao vivo, com releituras do Kid Abelha, músicas dos seus dois primeiros álbuns, além de músicas inéditas

2008 - Nosso
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01 O Que é Que Eu Sou? (Erasmo Carlos)
02 Meu Amor se Mudou para Lua (Nenung)
03 All Over (Donavon Frankenreiter, Paul Ralphes, Caio Fonseca, Paula Toller)
04 Oito Anos (Paula Toller, Dunga)
05 Mamãe, Coragem (Torquato Neto, Caetano Veloso)
06 Barcelona 16 (Paula Toller, Paul Ralphes, Caio Fonseca)
07 Eu Quero Ir pra Rua (Coringa, Paula Toller)
08 Grand Hotel (Paula Toller, George Israel, Lui Farias)
09 Um Primeiro Beijo (Paula Toller, Paul Ralphes, Caio Fonseca)
10 Pane de Maravilha (Paula Toller, dado Villa-Lobos, Fausto Fawcett)
11 Fly Me to the Moon (Bart Howard)
12 Saúde / Só Love (Rita Lee, Buchecha)
13 Napa Por Mim (Paula Toller, Hert Vianna)
14 Glass (I'm so Brazilian) (Kevin Johansen)
15 Você me Ganhou de Presente ((Paula Toller, Paul Ralphes, Coringa)
16 E O Mundo Não se Acabou (Assis Valente)
17 1800 Colinas (Gracia do Salgueiro)
18 À Noite Sonhei Contigo (Kevin Johansen)
19 Derretendo Satélites (Paula Toller, Herbert Vianna)
20 Anoche Soñe Contigo (Kevin Johansen)

Em 2010, George resolveu abrir o baú com velhas composições e lançou o disco com parcerias com Cazuza.

2010 - 13 Parcerias com Cazuza
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01 Você Vai Me Enganar Sempre II (Nilo Romero, George Israel, Cazuza)
02 Brasil (Nilo Romero, George Israel, Cazuza)
03 De Quem é o Poder? (Nilo Romero, George Israel, Cazuza)
04 Completamente Blue (Nilo Romero, George Israel, Cazuza, Rogerio Meanda)
05 Solidão Que Nada (Nilo Romero, George Israel, Cazuza)
06 Blues do Ano 2000 (Nilo Romero, George Israel, Cazuza)
07 4 Letras (George Israel, Cazuza)
08 Inocência do Prazer (George Israel, Cazuza)
09 Amor, Amor (Frejat, George Israel, Cazuza)
10 Burguesia (Ezequiel Neves, George Israel, Cazuza)
11 Eu Agradeço (George Israel, Cazuza)
12 Mina (Nilo Romero, George Israel, Cazuza)
13 Nabucodonosor (George Israel, Cazuza)

Foram 5 anos afastados, mas em 2012 resolveram se reunir para lançar um CD ao vivo, para comemorar os 30 anos de banda, e fazer uma turnê ao redor do país para comemorarem!

2012 - 30 Anos Ao Vivo
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01 No Seu Lugar (Paula Toller, Greorge Israel, Lui Farias)
02 Nada tanto Assim (Leoni, Bruno Fortunato)
03 Educação Sentimental II (Leoni, Paula Toller, Herbert Vianna)
04 Por Eu Não Desisto de Você (Paula Toller, Greorge Israel)
05 Dizer Não é Dizer Sim (Paula Toller, Greorge Israel)
06 Todo Meu Ouro (Paula Toller, Greorge Israel, Bruno Fortunato, Lui Farias)
07 Amanhã é 23 (Paula Toller, Greorge Israel)
08 Em 92 (Paula Toller, Greorge Israel)
09 Garotos / Louras Geladas (Paula Toller, Leoni) / (Paulo Ricardo, Luiz Schiavon)
10 Grand Hotel (Paula Toller, Greorge Israel, Lui Farias)
11 Nada Sei (Paula Toller, Greorge Israel)
12 Seu Espião (Paula Toller, Leoni, Herbert Vianna)
13 Eu Tive Um Sonho (Paula Toller, Greorge Israel)
14 Alice (Não Me Escreva Aquela Carta de Amor) (Leoni, Bruno Fortunato, Paula Toller)
15 Fixação (Beni Borja, Leoni, Paula Toller)
16 Te Amo Pra Sempre (Paula Toller, Greorge Israel)
17 Como Eu Quero (Leoni, Paula Toller)
18 Pintura Íntima (Leoni, Paula Toller)
19 Caso de Verão (Paula Toller, Greorge Israel)

Em 2014 é lançado o terceiro disco de estúdio da Paula.

2014 - Transbordada
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01 Tímidos Românticos (Liminha, Paula Toller)
02 Calmaí (Liminha, Paula Toller)
03 Já Chegou a Hora (Liminha, Paula Toller)
04 O Sol Desaparece (Liminha, Paula Toller)
05 Ele Oh Ele (Liminha, Paula Toller)
06 Seu Nome é Bia (Liminha, Paula Toller, Beni Borja)
07 Será que Eu Vou me Arrepender (Liminha, Paula Toller, Arnaldo Antunes)
08 À Deriva Pela Vida (Liminha, Paula Toller, Beni Borja)
09 Transbordada (Liminha, Paula Toller, Nenung)
10 Ohayou (Liminha, Paula Toller)

No dia 22 de abril de 2016, a banda lança uma nota assinada pelos três membros sobre o término da banda. Segue abaixo cópia da nota:

"Querido fã:

Temos sido chamados para entrevistas sobre nossos projetos atuais e, claro, sempre há alguma pergunta sobre o Kid Abelha, nossa banda durante mais de 30 anos e que nos trouxe grandes alegrias na vida. Com gentileza, procuramos sempre contar a verdade, mas, surpreendidos por algumas publicações equivocadas, estamos fazendo este esclarecimento.

A vontade de experimentar outras formas de criar e o desgaste natural de tanto tempo juntos nos levaram a essa decisão. Optamos por um soft-ending, um final suave, evitando o sensacionalismo, com a convicção de que nossa trajetória vitoriosa sempre se deveu ao entusiasmo e à dedicação sempre renovados a cada disco, cada turnê.

Foram três décadas de sucesso, aventuras, amizade, e também de momentos difíceis, altos e baixos dessa carreira desafiadora que escolhemos. Pela nossa filosofia e pelo amor à música, nunca tivemos o dinheiro como norte, e sim como conseqüência (ou não) de um trabalho original e bem realizado, que se tornou paradigma de pop-rock brasileiro.

Mas faltou o mais importante: agradecer em negrito, com letras garrafais, a você!

Ao fã que nos acompanha há tanto tempo, viajando para nos assistir ao vivo, escrevendo cartas, mandando mensagens e comentando nas redes sociais, elogiando, criticando, se preocupando...a esse amigo, que convida seus amigos a nos ouvir, e cuja vida está marcada através das canções que nós fizemos, e cujo carinho e atenção também marcaram nossas vidas, MUITO OBRIGADO!

Saiba que, do fundo do coração, não nos esqueceremos nem dos aplausos, dos gritos e da voz em coro nos grandes eventos, nem de cada voz isolada num quarto, entoando uma melodia também criada num quarto, na solidão, na vontade de vencer o tédio e a tristeza através de uma canção bonita.

Com amor,

Paula Toller, George Israel e Bruno Fortunato."


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PS: lembrando que o blog é contra a pirataria e o link é apenas para as pessoas conhecerem e, se gostarem do que ouvirem, comprarem o original.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Módulo 1000







A trajetória do grupo se inicia em meados da década de 60, de forma não muito diferente da de tantos outros: garotos da zona sul carioca, amigos de colégio, com muita disposição e praticamente nenhum dinheiro no bolso. Após diversas experiências mal-sucedidas, Daniel C. Romani (guitarra) e Eduardo Leal (baixo) montaram o conjunto Código 20, já percorrendo, no final de 1968, o tradicional circuito de bailes dos clubes do Rio de Janeiro. Amigos de infância, há anos tocavam juntos, com várias formações e nomes: Os Quem, Brazilian Monkes, Os Escorpiões. “O Daniel disse que estava montando um conjunto com o Armando (bateria) e que estava precisando de um guitarrista base”, conta Eduardo. Autodidatas, vivendo a onda dos Beatles e dos Rolling Stones, eles economizavam até o último tostão para conseguirem alguns instrumentos. Recolhiam ferro-velho, fabricavam guitarras (ou algo vagamente similar, que acabava ganhando esse nome, na falta de outro melhor...) para vender, e tocavam de graça, porque, como defendia o Armando, “tocar era o grande lance”. Os resultados vinham chegando devagar, como atesta Daniel: “Era Armando na bateria, eu tocando solo, o Alemão na guitarra base, e o Eduardo já tocando baixo. Embora a gente não fosse grande coisa, não éramos fracos, chegamos a tocar nos melhores lugares por aqui em termos de baile. O grande lance dessa época era você tocar no Fluminense, Botafogo, em grandes domingueiras onde também tocavam uns grupos como Os Selvagens, por exemplo, que se jogavam no chão, pulavam nas mesas, as calças saint-tropez caíam, era uma loucura”. Nessa altura dos acontecimentos, enquanto a trajetória da banda ia evoluindo a pequenos passos, surge em cena um novo integrante, que daria uma grande guinada profissional no jovem conjunto, abrindo diversas portas e tornando possível tudo o que aconteceu depois.


Paulo Cezar Willcox era um jazzista por excelência, e um grande vibrafonista, mas parecia ter chegado um pouco tarde à cena musical brasileira. Depois do boom de bossa-nova instrumental de meados da década de 60, esse som já estava começando a ficar por demais saturado, e ele resolveu tentar a sorte no crescente e promissor mercado do rock’n’roll. Juntou-se ao Código 20 pouco antes de um concurso de bandas amadoras da TV Globo, que oferecia como prêmio: quatro apresentações no programa do Paulo Silvino, além de toda uma nova aparelhagem e instrumentos musicais, coisa que o grupo precisava urgentemente. Integrado ao conjunto, “Zé Bola”, como era chamado, logo se colocou em posição de destaque, introduzindo grandes doses de profissionalismo e planejando a performance do grupo na grande final. Devidamente caracterizados de terninhos, para horror da maioria dos rapazes (que não usavam paletó nem em casamentos), eles apresentariam “There’s a Kind of Rush” dos Herman’s Hermits, seguido de “Tequila”, aquele clássico instrumental cucaracha dos Champs, que tinha o título cantado em uníssono ao fim de cada frase. Na apresentação final, no programa do Chacrinha, Willcox tocou o vibrafone de maneira feroz, saiu em seguida do palco e voltou empurrando dois enormes tímpanos de orquestra, atacando-os em duelo furioso com a bateria. Isso causou um grande furor no público e nos jurados, e fez o grupo afinal levar o primeiro prêmio dentre, literalmente, milhares de jovens bandas concorrentes.

Logo após a entrada de Willcox, o baterista Candinho (Cândido Souza Farias), já com alguma experiência e também versado no idioma do jazz, também havia se juntado à banda. “Na realidade, o Willcox e o Candinho na época entraram praticamente juntos”, recorda Daniel. “O Willcox chegou pra mim e falou que com o Armando não dava, não tinha jeito. Eu argumentei que montei tudo com ele, desde o começo, mas ele insistia em trazer o Candinho. O Armando ficou muito aborrecido, mas o Willcox tinha conhecimentos, ia abrir algumas portas para a gente. Na realidade eles não entraram só porque nós éramos bacanas. No fundo eles viam a banda mais como uma oportunidade de faturar um troco. Nós éramos músicos tecnicamente e teoricamente mais fracos frente ao nível deles, então tínhamos que ralar muito para conseguir acompanhá-los”. E essa foi a época em que todos começaram a deixar o amadorismo para trás e a efetivamente amadurecer como músicos.

No começo de 1969, o conjunto conseguiu um contrato na boate Catraka de São Paulo. Egresso da bossa nova (mais especificamente do grupo Agora-4), o tecladista Luiz Paulo Simas se juntou à banda nessa ocasião: “O grupo precisava de um organista para cumprir um contrato longo numa boate em São Paulo. Me contrataram, pois eu tinha um órgão Eletrocord, e eu larguei o segundo ano da faculdade de arquitetura no Fundão para ir com eles para São Paulo. Era um bom salário, e uma boa desculpa para largar a faculdade”. 

Assim, com Willcox no vibrafone, Daniel na guitarra, Luiz Paulo Simas no órgão, Eduardo no baixo e Candinho na bateria, surgiu a primeira formação do Módulo 1000, nome inspirado pelos módulos lunares americanos e soviéticos, muito em voga naquela época de corrida espacial.

Na temporada na Catraka, o Módulo 1000 tocava o repertório de clássicos da época, como Beatles, Stones, Hair e Hendrix. Mirna, irmã de Daniel, participou por um tempo, adicionando uma voz feminina, mais comercial e acessível, ao gosto de Willcox. Entretanto, os objetivos dele e do resto do grupo estavam começando a se distanciar. “A Catraka era uma casa muito grande, e a gente morava no andar superior; só dormia, ensaiava e tocava o dia inteiro. Foi aí, nesses ensaios, que a gente começou o nosso complô”, lembra Daniel. “O Willcox percebia que nessas horas extras fora do trabalho, nós quatro fazíamos um esquema paralelo de jam sessions para anotar algumas coisas, gravar outras. Ele notava que a gente estava sempre querendo dar uma guinada para esse lado, mas não houve uma briga, nós nunca discutimos. Ele mesmo foi percebendo que aquele som não abrigava mais o vibrafone ou a contrariedade dele. A gente queria sair daquele esquema de show-baile, queria fazer uma banda de rock progressivo, isso nunca saiu da nossa cabeça”. Antes de se despedir do grupo, Willcox ainda deu uma mão no V Festival de MPB da Record, em novembro de 1969. Para se vingar dos odiados ternos impostos em “Tequila” no ano anterior, um figurino “tropicalista” típico – totalmente esculachado – foi escolhido a dedo para o desconforto de Willcox.

“O Módulo 1000 foi aquela banda que falou: ‘não quero tocar mais nada de ninguém’”, afirma Daniel. Os quatro músicos começaram 1970 dispostos a tudo. Não que não houvesse exceções – dentro de um certo contexto, poderia ainda rolar algo como “Communication Breakdown” (do Led Zeppelin) ou “Sweet Leaf” (do Black Sabbath), por exemplo – mas a meta agora era vencer nos próprios termos, definitivamente. Permanecendo mais tempo em São Paulo, onde o circuito de shows oferecia mais oportunidades, os espaços foram sendo pacientemente conquistados. Os shows-baile de quatro horas foram reduzidos para quarenta minutos. “Conseguimos um contrato para tocar em Praia Grande, no Clube Siri. Tocávamos para dançar no clube todas as noites – sete vezes por semana! – para um salão sempre lotado de jovens que nos adoravam. Quando chegava a época de temporada só dava a gente no clube”, relembram Eduardo e Luiz Paulo, sobre o clube onde ainda iriam se apresentar por mais dois anos. Daniel também tem boas recordações desse período: “O Módulo 1000 já tinha uma aceitação; não era um som de parada de sucesso, mas o pessoal vinha ver. As pessoas gravavam, pediam, conheciam já as músicas pelo nome, até cantavam junto em latim! Todo lugar que a gente ia, havia comitivas de carro acompanhando a gente”.

As convicções podiam ser fortes quanto ao direcionamento musical, mas a meta também era gravar, afinal de contas. Através de um contato com a dupla de compositores Sérgio Fayne e Vítor Martins (posteriormente parceiro de Ivan Lins), o grupo conseguiu uma audição na Odeon, que estava abrindo espaço em seu cast para grupos alternativos. Seguindo o conselho da dupla, o conjunto apresentou um material bem mais acessível, com influências de MPB e sonoridades mais leves, o que deu resultado, agradando aos produtores. Seis faixas foram lançadas ao todo pela Odeon. Apesar de reconhecer que o esforço era legítimo para chegarem a um LP exclusivo pela gravadora, Daniel não guarda muita afeição por essas faixas: “Nós fizemos todas essas músicas, que eu não gostava na época e continuo não gostando, não refletiam o nosso som. Naquela época a gente não fazia nada daquilo. Mas os caras (Odeon) acharam interessantes as faixas anteriores, e aí já dava para fazer uma coisa diferente, que já me agradou mais, era o som que eu estava a fim de fazer. Compus algo numa veia mais Led Zeppelin, naquele balanço. Eu pedia ao Candinho: ‘Eu quero esta batida tipo John Bonham’, no que ele respondia: ‘Foda-se, vou fazer a minha’. A gente brigava muito, eu dizia que tinha que ser mais rock, ele dizia que ia dar um rufo de jazz, e aí ficava totalmente diferente”. A composição em questão se chamava “Ferrugem e Fuligem”, e foi lançada na ótima compilação “Posições” da Odeon, junto com a faixa “Curtíssima” (que era realmente muito curta...). Junto ao Módulo 1000 dividindo o LP, havia um time de respeito, contando com os grupos Som Imaginário, Tribo e Equipe Mercado. Destes, apenas o Som Imaginário conseguiria efetivamente lançar LPs (três) pela gravadora.

O período na Odeon também possibilitou a participação no V Festival Internacional da Canção, em outubro de 1970. Eles defenderam a música “Cafusa” (de Fayne e Martins) na fase nacional, onde também participava O Terço com seu “Tributo ao Sorriso” (classificada em nono lugar). Eduardo lembra da importância do evento: “Conseguimos um contrato com a Odeon e de lá fomos classificados para a final do FIC, que ia acontecer no Maracanãzinho. Foi quando voltamos para o Rio com outro status, mais perto dos deuses. Foi nesta volta que começamos a compor de fato”. Ensaiando 8 horas por dia, sete dias por semana, antes do final do ano o Módulo 1000 já tocava todas as faixas que comporiam seu futuro LP de estréia. Basicamente o material era de Daniel e Luiz Paulo, com Eduardo e Candinho participando dos arranjos. Por causa da letra em latim de “Turpe Est Sine Crine Caput”, em um show em Juiz de Fora os federais do DOPS subiram no palco, desligaram tudo, e convocaram os músicos para explicar a “terrível letra cifrada e subversiva”. Na realidade se tratava apenas de “É um fato, é um fato, é horrível uma cabeça sem cabelos...”.

De novo baseado no Rio, o grupo trabalhava com o empresário Marinaldo Guimarães, um personagem típico da época, preocupado sempre em fazer o público pensar. O espetáculo “Aberto para Obras” pode ter representado o auge de suas proposições estéticas. Montado no Teatro de Arena do Largo da Carioca, o público entrava por estreitos corredores e se via separado dos palcos por cercas de arame farpado. Descobrindo finalmente como chegar a seus lugares, tinham que escolher entre olhar para baixo, onde estava o Módulo 1000, ou para cima, onde se encontrava O Terço. Abaixo havia também uma mulher preparando pipoca em um fogão e mais adiante, sentado em um vaso sanitário, o irmão de Jorge Amiden (d’O Terço) empunhando estático um violão por três horas seguidas, apenas para arrebentá-lo no final de tudo. No meio da platéia, diversos pintores, entre eles Wander Borges, que faria a capa do LP da banda. “Entre os shows que fizemos no Rio”, recorda Luiz Paulo, “me lembro bem do Teatro da Praia, com o ‘leão da Metro’ projetado nas cortinas antes de se abrirem, manequins espalhados pela platéia e eu estreando com o primeiro sintetizador no Rio (talvez no Brasil?) – meu Synthi A da fábrica EMS inglesa. O nosso empresário era muito chegado a ‘happenings’, avant-garde e afins, e sempre nos dava força quando a coisa ia para esse lado”. O grupo também experimentava na busca de novos sons, criando o “mandum”, sua versão da talk-box (voice bag).

Foi nesse momento que apareceu o convite de Ademir Lemos para a gravação de um LP pela Top Tape, em 1971. O grande problema era que o estúdio só estaria disponível se o registro fosse feito imediatamente, e o grupo estava em um momento de transição entre o material do ano anterior e uma nova fase do repertório. Todavia, o novo material não estava ainda suficientemente polido, enquanto que aquelas músicas de 1970 já estavam mais que acertadas. Para não deixar a oportunidade escapar, a solução foi gravar aquele repertório que já se encontrava bastante defasado, e nem era mais tocado ao vivo.

No modesto estúdio da Musidisc os técnicos de som não viam com bons olhos as experimentações do conjunto. As caixas Leslie do órgão, os ecos, a colocação do amplificador no banheiro (onde mais conseguir aquela sonoridade? Até o Deep Purple fazia essas coisas), guitarras gravadas ao contrário, tudo era uma dor-de-cabeça para Valter, o técnico chefe. O estúdio ficava à disposição do grupo, e apesar dos técnicos, desacostumados com aquela loucura toda, acharem os resultados horríveis e “sujos”, a cervejinha sempre acabava distraindo suas atenções, e o disco foi assim finalizado. A caríssima capa tripla, com ilustrações psicodélicas de Wander Borges, parece ter sido inspirada na faixa de Daniel que dava nome ao disco: Não Fale com as Paredes. “As paredes eram os obstáculos que as pessoas tinham para emitir seu ponto-de-vista político, sexual, de gostos. As paredes sempre existiram dentro da nossa própria casa... Eu não era um cara político mas na época os caras sempre enchiam o teu saco”. O jornal Rolling Stone, em sua edição nacional de número 4 (de 21 de janeiro de 1972) trazia um anúncio de página inteira: “Nosso som é o som do mundo, para ser sacado e curtido” – Módulo 1000, com a foto do quarteto e a capa do disco, trazendo apenas o nome da banda, do disco e do produtor Ademir.

1972 - Não Fale com as Paredes
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01 Turpe Est Sine Crine Caput (Módulo 1000)
02 Não Fale Com Paredes (Módulo 1000)
03 Espelho (Módulo 1000)
04 Lem - Ed - Êcalg (Módulo 1000)
05 Ôlho por Ôlho, Dente por Dente (Módulo 1000)
06 Metrô Mental (Módulo 1000)
07 Teclados (Módulo 1000)
08 Salve-se Quem Puder (Módulo 1000)
09 Animália (Módulo 1000)



O resultado final dessas conturbadas sessões, o LP “Não Fale Com Paredes”, não teve, como já seria de se imaginar, uma recepção das mais calorosas. Nessa altura dos acontecimentos, Zezinho, o diretor da gravadora carioca Top Tape, já estava de certa forma arrependido de ter dado carta branca a Ademir Lemos – também conhecido nos bailes como DJ Ademir – então em alta na Top Tape (com o sucesso dos seus LPs de discotecagem “da pesada”). Na ocasião em que foi aberta a brecha para o Ademir produzir alguns discos, o disc jóquei logo lembrara dos amigos do Módulo 1000, que já tinham feito vários bailes com ele. Ele indicou a banda, se responsabilizou pela sua qualidade e produziu ele mesmo o LP. Quando Zezinho finalmente ouviu o trabalho, o LP já estava prensado e pronto para ir para as lojas. Ele sabia que rock brasileiro já não dava muito dinheiro, ainda mais... Aquilo!



Os quatro músicos do Módulo 1000 tinham tido muita sorte de ter conseguido em pleno 1971 – mesmo que numa gravadora pequena – aquela produção toda para um LP. Ainda que o estúdio da Musidisc fosse modesto e os técnicos de som despreparados para todas aquelas novidades, Ademir tinha dado total liberdade para eles gravarem o que quisessem. Quando foram afinal conversar com o diretor, já sabiam de antemão que ele estava irritadíssimo com o disco. Chegando a seu escritório, ele foi direto ao assunto: “Esse disco é uma merda!”. O que ele não esperava era a resposta do Daniel: “Então você vai ter que comer esta merda toda, porque você foi um cara omisso, não apareceu nas gravações para ver que banda era essa que você estava bancando, então vai se foder”. Isso não ajudou realmente a situação do grupo na gravadora, mas de qualquer forma o disco acabou indo para as lojas. Afinal de contas, o pessoal sabia que seria virtualmente impossível outra gravadora aceitar aquilo que eles faziam, sem nenhuma restrição.

Analisando-se o contexto musical da época sob perspectiva, o diretor da Top Tape tinha lá suas razões para não ter gostado do trabalho. Comercialmente falando, o disco era um suicídio. Se nem mesmo a exposição semanal no programa “Som Livre Exportação” da TV Globo garantia muito retorno aos Mutantes e O Terço, conjuntos de ponta da época, o que esperar então da hard psicodelia “pauleira” do Módulo 1000, influenciado por Black Sabbath e Led Zeppelin, e ainda por cima com letras em latim? Esse som praticamente inexistia no país. O pouquíssimo espaço que se dava ao rock era para as bandas estrangeiras, e era um sacrifício tomar conhecimento de shows e lançamentos de rock nacional, apesar da boa vontade da Rolling Stone brasileira (de curta vida nesses solos áridos). Desde os anos sessenta, a sobrevivência estava em tocar material alheio em bailes, ou conseguir trabalho com algum artista de sucesso, como A Bolha (companheiros de Top Tape e “concorrentes” diretos do Módulo 1000, pois seus empresários não se bicavam muito...) viria a fazer mais tarde, tocando com Erasmo Carlos.

O desentendimento com a direção da gravadora não impediu, contudo, que o grupo lançasse outro compacto pela Top Tape. Naquela década, uma grande fonte de renda desses selos eram os artistas brasileiros, sob pseudônimos e gravando em inglês. Daniel lembra com dificuldade dos detalhes: “Alguém chegou e falou que tinha tantas horas de estúdio, se a gente não queria fazer alguma coisa com um nome diferente, tipo Love Machine. A nossa reação não foi eufórica, principalmente porque a remuneração não era nada de fantástico. Talvez a gente tenha feito isso porque o Ademir era nosso amigo, arrumou um disco pra gente, e o Zezinho talvez ficasse mais feliz se a gente gravasse umas músicas bacanas em inglês. O lado A, ‘Cancer Stick’, era quase um rap, eu falando com voz encorpada sobre os malefícios do cigarro, e o Ademir tossindo ao fundo. ‘Waitin’ For Tomorrow’ foi composta na véspera e rapidamente finalizada no estúdio”.

Sobre o trabalho do grupo ainda em 1972, prossegue Daniel: “Na verdade, o novo material era completamente diferente do LP, tinha uma preocupação de não se repetir. Tinha ‘Lages Cadaverinas’, ‘Sete Quartos’ (uma música, adivinhem só, em andamento 7/4!), ‘Licor de Rabanete’, ‘Olhar Estéril’, ‘Nua’. A gente explorava mais os compassos quebrados, fazendo um diálogo maior de riffs que não existia antes. Além da guitarra, já havia um sintetizador, e um órgão Farfisa. Sonoramente o conceito mudou, mudamos todo o estilo – tinha muita coisa aleatória e muita coisa marcada, com um punch que faltava antes. Já fazíamos até a utilização de cavaquinho e bandolim, num contexto bem diferente”. Essa nova fase também foi marcante para Eduardo: “Estávamos começando um show no Teatro da Praia, em Copacabana, quando arrebentou minha corda bordão do contrabaixo. Tentei emendar, tentei tocar sem usar o bordão, não consegui. O Candinho me falou: ‘Cara, acho que você precisa de um choque para ver se muda’. Ele tinha toda a razão! A partir daí comecei a compor igual a um doido. Essa nova fase do Módulo 1000, que não ficou registrada, foi muito importante para mim, pois fiquei seguro da minha capacidade e criatividade. Se não me engano, o Daniel ou o Luiz Paulo, um dos dois fez um comentário, logo depois de um show, de que a melhor música do Módulo dessa fase havia sido criada por mim!”.

Apesar da falta de perspectivas de um segundo disco, diversos shows e eventos ainda impulsionavam a banda. Em 1972 foram convidados pelo Governo para reinaugurar a concha acústica de Brasília. Com nada menos que 46 caixas de som conectadas ao PA, dava pra se ouvir o estrondo a 3km de distância. No ano seguinte o grupo participaria do terceiro festival ao ar livre do Brasil, o “Transa-Som-Folk-Rock-Pop no Sertão”, no Vale do Jequitinhonha, ao lado de DJ Ademir, Rui Maurity, Jorge Mello e Serguei. “Um acontecimento absolutamente surrealista, num lugar absolutamente surrealista também”, nas palavras de Luiz Paulo, “Tudo armado pelo filho de um fazendeiro da região. A população local nunca tinha visto cabeludos, nunca tinha ouvido rock. Foi um susto!”.

Em meados de 73, a história do Módulo 1000 chega a seu capítulo final. “Acho que foi por falta de perspectivas e de dinheiro. Ninguém brigou, realmente”, ressalva Luiz Paulo. Aquele mesmo ano ficaria marcado como o início de uma espécie de boom no rock brasileiro. Gradualmente, foi se tornando mais fácil lançar e divulgar um disco. A recém-lançada revista Pop já ocupava o lugar da finada Rolling Stone, e, no Rio de Janeiro, entrava no ar a histórica rádio Eldopop FM, que mudaria diversos conceitos e implementaria novos padrões musicais na cabeça de muita gente. Apesar disso, todos aqueles anos de luta tinham desgastado bastante o grupo. Nas palavras de Daniel: “A expectativa era lançar um segundo disco, mas o clima já não era o mesmo. A última coisa que eu me lembro dos últimos dias da banda foi após um festival de inverno em Juiz de Fora. A gente veio conversando, eu e o Luiz Paulo, das razões pessoais que nos levaram a um certo desgaste. Marcamos uma reunião, se não me engano no Alto da Boa Vista, e concordamos que a banda deveria realmente acabar. Cada um ia seguir o seu caminho... O Luiz Paulo, por exemplo, já estava entrando em contato com o Lulu Santos, do Veludo Elétrico, para montar outra banda”.

E foi o que realmente veio a acontecer. Depois do final do Módulo 1000, Luiz Paulo e Candinho se juntaram a Fernando Gama (baixo), ex-Veludo Elétrico, e formaram o mitológico Vímana. Pouco depois Lulu Santos (guitarra) completou a formação que participou dos festivais Banana Progressiva e Hollywood Rock, em 1975. Quando o grupo lançou em 1977 um compacto pela Som Livre, “Zebra”, Candinho já havia sido substituído por Lobão, e Ritchie Court havia assumido a flauta e vocais. Esse foi o único trabalho da banda publicado (de fato, um LP inteiro foi efetivamente registrado, para jamais chegar a ser lançado). O Vímana acabaria por se separar no ano seguinte, com seus meses finais sendo dedicados a uma parceria com o tecladista Patrick Moraz (N.E.: ex-Yes) que acabou não se concretizando, restando apenas algumas poucas faixas gravadas em estúdio e abandonadas. Tempos depois, Ritchie ainda proporia uma parceria a Daniel, mostrando-lhe seu novo trabalho, bem mais direto e focado para o mercado. Entretanto, apesar de todo o óbvio potencial comercial daquelas canções, “Menina Veneno” estava um pouco distante demais dos objetivos de Daniel... Luiz Paulo, por sua vez, passou a criar trilhas e jingles para filmes e TV (curiosamente, ele é o criador do famoso “plim-plim” da Globo), participando também de turnês e gravações de vários artistas. Em uma única ocasião se reuniu novamente a Daniel e Candinho, em um dos seis dias de show no Planetário carioca. Entre outros convidados, participaram também do evento Sérgio Dias, Cláudio Nucci, Marçalzinho e Liminha. Em 1989 mudou-se definitivamente para Nova York, onde, fiel às suas raízes musicais, se dedicou aos ritmos brasileiros, já tendo lançado alguns CDs. Em 2007 lançou nos EUA e no Brasil o CD “Cafuné”. Seu trabalho atual pode ser conferido em seu site, http://www.luizsimas.com. Candinho, possivelmente inspirado por Luiz Paulo, também migrou para os Estados Unidos, e no momento reside na Flórida, trabalhando com artesanato e ainda tocando bateria. Eduardo se mudou para Brasília e atualmente dedica parte de seu tempo à atividade de músico (agora nos teclados) e compositor, tendo dois CDs na linha new age já lançados, além de composições próprias gravadas por artistas da cena local. No momento desenvolve seu novo trabalho, chamado “Ópera Leiga do Cerrado”. Daniel acabou se voltando para o trabalho de músico de estúdio, dedicando-se também a dar aulas de guitarra e consultorias sobre o instrumento. Há mais de dez anos trabalha continuamente no projeto “Four Walls”, que reflete seu desenvolvimento como músico nas últimas três décadas, bem como seu interesse pela música progressiva e étnica. Por fim, Paulo César Willcox, após deixar o grupo, trabalhou como músico de estúdio e arranjador durante o restante dos anos setenta, muito respeitado entre seus pares, vindo a falecer de um ataque cardíaco ao final daquela década.

Nos dias de hoje, para a surpresa dos próprios músicos, que consideravam o disco praticamente enterrado, “Não Fale Com Paredes” continua despertando interesse de colecionadores e fãs do mundo todo. Diversas páginas na Internet colecionam apreciações apaixonadas sobre a banda, sempre elevando o álbum à categoria de “obra-prima” do hard-prog-psych brasileiro. Recentes reedições em CD e em LP (nem sempre oficiais, mas com razoável qualidade de gravação e apresentação, reproduzindo fielmente todo o trabalho gráfico e a capa tripla, como a edição em vinil e CD do selo alemão “World in Sound”) tornaram o trabalho do Módulo 1000 novamente acessível em maior escala. Edições originais do LP, entretanto, continuam sendo avidamente cobiçadas em todo o mundo. Distribuídas em catálogos de revendedores especializados e em sites de leilões virtuais, atingem facilmente o preço de algumas centenas de dólares. Todos esses fatores reunidos ajudam a manter brilhante ainda hoje a aura do Módulo 1000, que mesmo não tendo sido responsável pela criação de nenhum estilo musical propriamente dito, foi um dos honrosos pioneiros na introdução do rock progressivo em terras brasileiras. Ipso facto!

Fonte:

Módulo 1000: Não Fale Com Paredes http://whiplash.net/materias/biografias/074090-modulo1000.html#ixzz4DTxuXhfh 




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